3. Compartilhando notícias like a boss

Quais são as boas práticas de produção de notícias na rede? Vamos mostrar algumas, além de discutir a diferença entre informação e opinião e a importância da interpretação. Também traremos um vídeo divertido no qual você conhecerá um viciado em repassar fake news – tão falso que poderia ser verdade! E, por último, mas não menos importante, nossa versão dos 10 mandamentos (no caso, para divulgar notícias em redes sociais). Se liga!

Caramba… foi bem mals
Caramba… foi razoável
Caramba… foi muito bem

Viralizou pelas redes sociais um artigo crítico ao julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, publicado pelo economista Mark Weisbrot, em 23 de janeiro de 2018. Muitos nas redes sociais o compartilharam, afirmando que o New York Times, considerado um dos mais importantes jornais do mundo, estava defendendo Lula.

Isso levou à celebração por parte de apoiadores do ex-presidente, como se isso sinalizasse que a imprensa internacional estava ao seu lado. E a ataques ferozes ao jornal por parte de seus críticos, insinuando uma conspiração internacional para evitar a punição a ele. Ambos os lados estavam equivocados.

Um artigo de opinião traz o posicionamento do autor e não do veículo no qual foi publicado. Se desejarmos ver o ponto de vista de um jornal, precisamos ler o editorial. Parte dessa confusão vem de pessoas que, por ingenuidade ou falta de informação, passam por cima da diferença entre ambos.

Mas também há casos de má fé. Porque os que sabem que um artigo não é um editorial podem se valer do desconhecimento público para afirmar que o New York Times defendeu Lula, transformando um texto específico em munição na batalha que travam nas redes. Isso reforça que a guerra na internet não conta apenas com a distorção de fatos. Às vezes, é a manipulação da intenção que gera a desinformação.

Claro que veículos podem ser corresponsáveis por situações assim, caso não garantam um mínimo de pluralidade, levando o consumidor de informação a acreditar que, para fazer parte do rol de articulistas e colunistas, é preciso estar alinhado a um determinado posicionamento. Não é o caso do Times, contudo. Se tivéssemos uma educação para a mídia como parâmetro curricular obrigatório nos ensinos fundamental, médio e até superior, reduziríamos esse tipo de confusão voluntária ou involuntária. Infelizmente, estamos longe disso.

Algo fácil que a imprensa deveria fazer é, sempre que possível, ajudar o leitor diferenciando os gêneros jornalísticos. Muitos veículos costumam identificar próximo ao título o que é notícia, artigo, editorial e análise. Outros deixam claro que blogs e colunas podem trazer, sistematicamente, textos opinativos e analíticos.

Outro caso que chamou a atenção veio do debate sobre a Reforma da Previdência no Brasil. Análises e opiniões sobre a proposta do governo federal foram tachadas de “notícias falsas” nas redes sociais. Quase sempre os acusadores eram perfis falsos, mas também havia pessoas reais. Os alvos eram postagens de analistas e economistas que criticavam ou defendiam a proposta.

O problema é que as análises, chamadas de mentirosas pelos que as atacavam, não traziam informações equivocadas e incorretas, mas interpretações que apontavam para uma direção diferente daquelas que os insatisfeitos defendiam, o que incluiu a questão do tamanho do déficit da Previdência, por exemplo, bem como pontos específicos, como os impactos a trabalhadores da classe média baixa e aos trabalhadores da economia familiar rural.

A falta de educação para o debate público faz com que consideremos inválidas opiniões diferentes das nossas. Temos dificuldade de conviver com a diferença porque ela nos lembra que aquilo no qual acreditamos e aquilo que defendemos não é absoluto, mas apenas uma versão da realidade que deveria poder ser contestada a qualquer momento. E, pela impossibilidade de coexistir com a diferença, discutem um texto analítico como se fosse um texto informativo. Encaram opiniões divergentes como notícia falsa.

Ou seja, há um problema anterior às notícias falsas do qual poucas pessoas falam, mas que é tão assustador quanto: parte das pessoas acham que texto é tudo igual.

Daí, ao se depararem com um editorial, um artigo de opinião ou mesmo uma análise que dão interpretações diferentes àquelas às quais elas estão acostumadas, vão logo gritando que se trata de notícia falsa. Quando, na verdade, não são nem notícia.

Pode parecer pouca coisa, mas isso pavimenta a estrada em direção a um futuro com cara daqueles episódios sombrios de Black Mirror que a gente não gosta de ver sozinho.

Texto é como carne. Se você é carnívoro e sabe que picanha não tem gosto de fraldinha e costela não parece bife de fígado, por que acha que os diferentes textos jornalísticos têm o mesmo formato e gosto?

Como explica o professor Manuel Carlos Chaparro, da Universidade de São Paulo, um dos grandes especialistas em conceitos e gêneros, o jornalismo se organiza em dois grandes formatos: o da narração (usado para relatar fatos e falas) e o da argumentação (para lidar com as ideias).

A diferença entre ambos não é que um tipo de texto tem informação e o outro, opinião. Todo texto noticioso tem sua carga de opinião. Afinal, a escolha das fontes, o recorte temporal ou espacial da apuração, o contexto preparado para explicar o assunto, entre outros, são resultado do ponto de vista do repórter, de seus chefes e do próprio veículo. Da mesma forma, textos opinativos também trazem conteúdo factual, com informações sobre o tema do qual tratam. Imagine um texto de opinião que não traga números, dados e fatos. Fica algo fraco e não convence ninguém, não é mesmo?

A questão que diferencia ambos é a estrutura utilizada. E temos várias, como a entrevista, a notícia, a reportagem, o artigo de opinião, o editorial, cada qual misturando uma dose diferente de informação e opinião. Para um leigo, pode ser difícil apontar qual é qual. Mas com treinamento, seja na escola, seja no dia a dia da interação midiática, aprende-se facilmente a distingui-los.

Por que todo esse trololó é importante? O debate público poderia ser mais bem resolvido se as pessoas, ao lerem um texto, prestassem atenção em quem transmite a informação, seja uma pessoa ou uma organização. E se preocupassem em entender que informar algo novo é diferente de opinar sobre o significado desse algo novo. E quando um autor traz elementos para opinar ou analisar não significa que defende que seu posicionamento seja a verdade absoluta (até porque isso não existe), mas a interpretação de fatos que ele achou mais cabível.

A questão, portanto, não é apenas os interesses de quem chama de “falso” tudo o que é divergente de sua ideologia ou que distorce conteúdos na internet. Até porque essa situação se repete em todo o espectro político, da direita à esquerda e envolve uma série de fatores, como a questão do viés de confirmação (tendemos a chamar de verdade tudo com o qual concordamos e de mentira, tudo o que discordamos), as bolhas produzidas pelos algoritmos nas redes sociais (que nos isolam e dificultam o respeito à diferença), entre outros.

Mas, sim, sobre ler tendo consciência do tipo de texto do qual se trata. O que pode mudar totalmente sua compreensão sobre ele.

Caramba… foi bem mals
Caramba… foi razoável
Caramba… foi muito bem

Por que as pessoas espalham boatos por grupos de mensagens? Por que aplicativos como o WhatsApp viraram terreno fértil para disseminar mentiras? Quem ganha com essa confusão toda? Esse vídeo conta uma história maluca, exposta durante uma entrevista encenada – mas, infelizmente, baseada em fatos reais.

Caramba… foi bem mals
Caramba… foi razoável
Caramba… foi muito bem
Shutter Stock (shutterstock_310701908.jpg)

1) Não divulgarás notícia sem antes checar a fonte da informação.

2) Não divulgarás notícias relevantes sem atribuir a elas fontes primárias de informação. Um “cara gente boa”, sua “mãe” ou seu “BFF” não é, necessariamente, fonte de informação confiável.

3) Tuítes, posts e mensagens “apócrifos” (sem fonte clara) jamais serão aceitos como instrumento de checagem ou comprovação. Sites que caluniam e não se dignam a informar quem é o responsável, muito menos.

4) Não esquecerás que informação precede opinião. Porque pode ser checada, comprovada.

5) Não repassarás informações que não fazem sentido algum só porque você não gosta da pessoa ou instituição em questão. A disputa entre posições políticas deve ser baseada em um jogo limpo e não em invenciones.

6) Lembrarás que mais vale um tuíte, um post ou uma mensagem atrasados e bem checados que algo rápido e mal-apurado. E que um número grande de retuítes, compartilhamentos e likes não garante credibilidade de coisa alguma.

7) Não matarás – sem antes checar o óbito.

8) Não esquecerás que a apuração in loco, por telefone e/ou por e-mail precede, em ordem decrescente de importância, o chute.

9) Não terás pudores de reconhecer, rapidamente e sem poréns, a falha em caso de divulgação ou encaminhamento de informação incorreta. Errar é humano, pedir desculpas é divino.

10) Na dúvida, não retuitarás, compartilharás, darás like ou passarás adiante mensagem de coisa alguma. Pois, tu és responsável por aquilo que repassas e atestas. Ou seja, se der merda, você também é culpado. E, sim, retuitar, compartilhar, dar like e repassar coisa ruim pode dar condenação na Justiça.

Caramba… foi bem mals
Caramba… foi razoável
Caramba… foi muito bem

A internet pode parecer um espaço sem limites, porque ela continua em expansão contínua. Mas existem fronteiras bastante claras para o que se pode fazer e dizer on-line.

Apesar de não existir censura prévia no Brasil, as leis continuam valendo aqui também. Quem desrespeitar, ofender, caluniar, discriminar ou incitar à violência pode enfrentar processos, pagar multa e até acabar preso.

Vale a pena conhecer casos anteriores para entender como a justiça tem punido quem não respeita as regras na internet. Fique atento, toda ação tem sua consequência. Saiba o que pode acontecer se você fizer o que relatamos abaixo.

Notícia relata que um grupo de políticos será investigado por denúncia de corrupção. Você posta vídeo dizendo que são uma quadrilha de ladrões e vigaristas safados.

Correto!

Errado!

Se as pessoas estão sendo investigadas, elas ainda não foram condenadas. É só uma suspeita, e a justiça ainda não concluiu o caso. Essas pessoas podem ser inocentes, e você pode ter ofendido a honra delas. Um homem em Patrocínio (MG) foi condenado a dez meses de prisão ao se recusar a apagar vídeos que ofendiam políticos denunciados por desvio de dinheiro público.
Depois do término de seu relacionamento devido a uma traição, você resolve se vingar. Publica fotos do seu ex-namorado pelado e edita no Photoshop as imagens da anatomia dele para ridicularizar seu desempenho sexual.

Correto!

Errado!

Não interessa se as fotos foram tiradas de forma consensual. Publicar imagens íntimas sem autorização é crime em vários lugares do mundo. Nos EUA, o dono de um site que divulgava dez mil imagens sexuais sem autorização foi condenado a 18 anos de prisão. Desde o Marco Civil da Internet, o Brasil discute uma lei para criminalizar especificamente a chamado “vingança pornográfica”, mas a justiça já tem condenado por difamação quem publica imagens sexuais sem autorização – sejam elas editadas ou não.
Seu amigo publica um textão criticando atitudes e posições políticas com as quais você também não concorda, e você resolve curtir essa postagem.

Correto!

Errado!

Você tem direito de expressar sua opinião sobre ideias ou atitudes, sempre mantendo o respeito. Em entrevista à revista Carta Capital, o desembargador José Roberto Neves Amorim defende que “curtir” uma publicação alheia é só uma sinalização de que reconhecemos algo válido em uma publicação. Mas… compartilhar já é outra história. O mesmo desembargador já condenou duas internautas por críticas contra um veterinário após a castração de uma cadela. Uma delas publicou um texto que foi considerado ofensivo, pois a justiça considerou que não havia como provar a responsabilidade do veterinário pelo resultado negativo da operação. A outra só compartilhou a postagem, mas as duas foram condenadas a pagar uma indenização de R$ 20 mil por dano moral.
Para provocar, você posta mensagens ofendendo grupos sociais, mas se defende dizendo que não acredita no que escreveu e que está só fazendo ficção.

Correto!

Errado!

Dependendo da forma como for apresentado, divulgar discursos racistas ou discriminatórios pode ser crime. Um internauta foi condenado a pagar multa e prestar serviços sociais por ofender nordestinos em 2006 na extinta rede social do Orkut. Seus advogados até tentaram dizer que ele estava só usando essas ofensas para preparar uma obra de ficção que publicaria depois, mas a justiça não aceitou essa desculpa.
Depois de ter uma experiência negativa, você critica pela internet o serviço de uma empresa de forma respeitosa.

Correto!

Errado!

O consumidor tem todo o direito de reclamar com a própria empresa, com o Procon, com a imprensa ou até mesmo expor suas críticas pela internet. Só não pode inventar ou apelar para linguagem da baixaria - ou seja, não vale xingar muito no Twitter. Entretanto, algumas empresas de vez em quando forçam a barra e tentam ameaçar clientes insatisfeitos para impedir críticas negativas. Após publicar uma avaliação moderada no TripAdvisor, elogiando o “bom custo-benefício” mas criticando o serviço dos funcionários “mal-humorados” de um spa em Niterói (RJ), uma hóspede recebeu notificação com ameaça de processo por difamação caso não removesse seus comentários “negativos e infundados”. Ou seja, os advogados do estabelecimento achavam que ela não tinha direito de não ter gostado e compartilhado sua insatisfação. Mas a história ficou só na ameaça mesmo após o hotel enfrentar uma repercussão bastante ruim pela hostilidade com que respondeu à crítica. Faltou lembrar que o cliente tem sempre a razão.
Caramba… foi bem mals
Caramba… foi razoável
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Por mais que esse curso traga uma ampla quantidade de temas e recursos, não dá para falar de tudo. Nosso foco até aqui foi discutir alguns dos principais problemas na relação entre jornalismo e redes sociais em uma época na qual tanta gente tem dificuldade para separar o que é verdade da pura enganação.

A ideia é que esse curso seja um primeiro passo na longa jornada para conseguir informação mais aprofundada, apurada, contextualizada, relevante e ponderada. Depois de começar por esse caminho, vale a pena também conhecer algumas outras trilhas paralelas, para conseguir ir mais longe sem se perder.

Para isso, sugerimos um mapa com os outros cursos disponíveis para quem quer se embrenhar na selva dos meios de comunicação.

QUER CONHECER MELHOR OUTROS MEIOS DE COMUNICAÇÃO ALÉM DO JORNALISMO?

John Green, autor do bestseller A culpa é das estrelas, criou com seu irmão um canal com diversos cursos on-line no YouTube chamado Crash Course. Além de tópicos tradicionais, como história, química e literatura, alguns dos temas recentes incluem vídeos sobre mitologia e uma série sobre educação midiática.

É uma playlist com 12 vídeos curtos, com média de 10 minutos cada, com um panorama mais amplo sobre o funcionamento e os efeitos da mídia. As aulas tratam de publicidade, cinema, rádio, TV, entretenimento e ficção, além de discussões sobre jornalismo, internet, redes sociais e regulação da mídia – foco também do Vaza, Falsiane!

Vale a pena para quem quer entender melhor a conexão do jornalismo com os outros setores midiáticos, além de aprofundar algumas questões mais conceituais e até filosóficas. Em menos de duas horas, o curso parte das críticas de Sócrates contra a escrita, nos diálogos platônicos do século IV a.C., até as motivações e os riscos do sexting no século XXI.

O apresentador da série, Jay Smooth, é conhecido por seu programa de rádio de hip hop em Nova York, e une humor e informação com um volume de referências pop maior do que o Titanic – uma das suas obsessões cinematográficas que pipoca toda hora no curso. Como nos outros cursos do canal, a narração é acompanhada por animações bem produzidas, com conteúdo denso, rápido e aprofundado.

Apesar de o canal ser em inglês, é possível acompanhar com legendas traduzidas automaticamente para o português que até conseguem funcionar relativamente bem, apesar de tropeçar em alguns trocadilhos e referências da cultura norte-americana.

QUER CONHECER MELHOR OS PRINCÍPIOS DA CHECAGEM DE FATOS?

Várias agências de checagem publicam seus métodos de apuração para mostrar como chegaram às suas conclusões, descobrindo os exageros, invenções ou absurdos que circulam por aí na boca das autoridades ou nas nossas mãos, pelos aplicativos de celulares.

Manuais com métodos de checagem, como o da Truco (agência Pública), seguem padrões internacionais de verificação de informações, como o International Fact-Checking Network, do Instituto Poynter.

Como está destacado nos seus princípios, esses documentos servem para entender como as informações foram checadas, permitindo que qualquer pessoa refaça o trabalho de apuração e verifique se a informação está correta mesmo. Afinal, podemos sim checar os próprios checadores.

A publicação desses métodos garante a transparência dessas agências, mostrando como elas funcionam e como podem garantir a credibilidade de suas informações. É um jeito de checar os checadores. Além disso, esses documentos também podem ser usados como manuais para que o público siga os mesmos passos quando esbarrar em informação de procedência duvidosa.

Agência de checagem Aos Fatos

A agência de checagem Aos Fatos publicou uma série de manuais para seus leitores poderem replicar os mesmos métodos usados pelos seus jornalistas profissionais na hora de verificar informações.

Um deles, em formato de história em quadrinhos, ensina técnicas de checagem de dados, identificação de autoria e verificação de fotos e vídeos.

A agência também publicou seus próprios guias com instruções para detectar sites de notícias falsas e traduziu manuais de verificação de autores estrangeiros com instruções para identificar boatos e lendas urbanas, revelando que muitas dessas parecem mentirinhas inocentes, mas podem ocultar interesses ideológicos bastante perigosos.

Lupa Educação – Fake ou News?

Outra agência de checagem que tem uma experiência bem interessante em educação do público é a Lupa: há anos eles oferecem cursos para mostrar como as técnicas de verificação deles podem ajudar quem anda confuso com o que lê por aí.

A agência tem até um setor próprio para essas iniciativas de formação, a LupaEducação, junto ao canal Futura, eles criaram a plataforma Fake ou News, que ajuda os jovens do ensino médio a refletir sobre a qualidade das suas fontes de informações.

Nesse site, são apresentados dezenas de vídeos, textos e até memes com instruções bastante didáticas para identificar argumentos sem fundamentação ou descontextualizados, além de dicas para desmascarar perfis e sites falsos. Essa plataforma também alerta para os riscos de adulteração de fotos e vídeos e a importância de tomar cuidado para checar antes de compartilhar informações duvidosas.

QUER TREINAR COM FERRAMENTAS ON-LINE PARA PRATICAR A CHECAGEM DE INFORMAÇÕES?

Instituto Poynter

O Poynter News University, em parceria com o Google News Initiative, criou o curso Hands-on Fact-Checking: A Short Course para treinar jornalistas, estudantes e quem mais estiver cansado de cair em pegadinhas informativas on-line.

Como já dá para perceber pelo nome do curso, a dificuldade fica na barreira do idioma, já que o conteúdo só está disponível em inglês. Mas vale a pena: ao contrário dos manuais anteriores, o curso também contém exercícios e atividades com testes para verificar se você aprendeu mesmo como fazer na prática para avaliar fontes, fotos e vídeos.

Os vídeos e textos mostram algumas técnicas práticas do trabalho dos checadores, ensinando quais dados podem ser checados e em quais fontes. O curso discute alguns dos fundamentos do jornalismo bastante úteis para o público geral, como a distinção entre fatos que podem ser checados e opiniões, ou a diferença entre causalidade e correlação. Ele também apresenta uma série de ferramentas bem inovadoras, como um aplicativo de mapeamento para verificar o tamanho do público em eventos políticos.

Centro Knight para Jornalismo nas Américas

Outra opção on-line são os cursos oferecidos pelo Centro Knight para Jornalismo nas Américas, da Universidade do Texas em Austin. Lá são oferecidos cursos on-line, mas precisam ser acompanhados em um período específico, porque envolvem debates em fóruns de discussão – alguns em português, mas a maioria em inglês ou espanhol. Essa possibilidade de discussão é uma vantagem dessa plataforma em comparação com as outras opções, mas acaba limitando o prazo para a participação somente para as semanas agendadas.

Os cursos são renovados com frequência, e sempre aparecem temas novos. Então, vale a pena ficar de olho na programação para se inscrever e poder participar das discussões.

QUER UMA REFLEXÃO MAIS APROFUNDADA SOBRE OS IMPACTOS DAS FAKE NEWS NA SOCIEDADE?

Para quem já é iniciado no debate sobre comunicação e quiser uma discussão mais acadêmica – e bem menos humorada – sobre os efeitos nocivos das notícias falsas sobre o jornalismo, o professor Seth Lewis, da Universidade do Oregon, disponibilizou on-line parte de seu curso “Fato ou Ficção?”, de 2017.

O curso inclui uma discussão bastante complexa sobre o que é verdade, e como ela pode ser sustentada em fatos. É algo que, se você parar para pensar, é bem difícil de explicar sem incluir termos intimidadores como “episteme” e “metodologia”, mas os textos são bastante acessíveis e você vai até entender o que esses palavrões acadêmicos significam.

Além de uma preocupação em discutir conceitos como “desinformação” e “manipulação” a partir de perspectivas bastante diferentes, a disciplina também focou sua parte final em educação sobre uso de dados e fundamentos da estatística. Esse é um conteúdo que não foi discutido no Vaza Falsiane!, porque a gente é de humanas, mas é essencial para entender a validade de estudos científicos, evitando deturpar as pesquisas tão cuidadosas dos nossos colegas das ciências exatas – fica a dica para quem gosta de jornalismo científico.

Infelizmente só é possível acessar o cronograma do curso e os textos indicados (que também estão só em inglês), mas as leituras indicadas são uma base bastante sólida para quem quiser se aprofundar em referências acadêmicas. Alguns desses textos inclusive já foram citados aqui no Vaza Falsiane! – quem não teve preguiça de ler as referências no final dos textos vai perceber que o esforço valeu a pena.

QUER SE FORMAR E TRABALHAR COM COMUNICAÇÃO?

Se bateu um encanto pelo trabalho dos jornalistas, talvez você não tenha prestado muita atenção no curso até aqui :-).

Estamos brincando, é claro: você compreendeu que essa carreira precisa de gente empenhada, capaz de pensamento crítico e metódico. Você pode dedicar sua vida para a busca da informação e ainda ganhar para isso – se bem que não muito, frequentemente. Mas não adianta reclamar com a gente, você está avisado.

Falando sério, existem centenas de universidades no Brasil que oferecem cursos de graduação em Jornalismo. Outras áreas da comunicação incluem Editoração, Rádio e TV, Publicidade e Propaganda, Cinema e muitos outros cursos, como o de Educomunicação, que forma educadores que trabalham com a mídia em sala de aula.

Além disso, para ser comunicador não é necessário ser graduado na área. É possível também participar de cursos de formação de comunicadores comunitários, que podem ser presenciais ou on-line, para saber como a área funciona. Com isso, você descobre como trabalhar com comunicação sem o risco de cometer alguma mancada.

Caramba… foi bem mals
Caramba… foi razoável
Caramba… foi muito bem

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@2018 Vaza, Falsiane